sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

VOLTA DO FORRÓ NA CAIXA E DEPOIS

Estou devendo isso faz tempo, umas três semanas, no mínimo. Houve e está havendo uma série de acontecimentos que me impediram de escrever, além de uma falta de ânimo por sentir que fazê-lo afigurava-se para mim como uma obrigação, um trabalho que havia prometido ao bróder que vende cervas fazer. Agora não, por qualquer carga d’água que não me alcança compreender. Apenas me sinto disponível para isso agora. É isso. Vamos lá.

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Três semanas (acho) para o meu cérebro de Dory são muito tempo, então a maioria dos pormenores se perdeu em algum recôncavo inalcançável da minha memória. Sei que no dia, concorria com o Forró na Caixa o lançamento de um novo bloco carnavalesco “Amantes de Chico” dedicado ao Buarque, cuja festa seria ali perto no Capibar. A união das palavras “novo”, “carnaval” e “Chico Buarque” acrescidas do elã do Capibar sabia que serviriam como ímã irresistível para o mesmo público que frequenta o Forró (confesso que até eu fiquei tentado, ainda mais porque uma de minhas Clementines havia confirmado presença; mas minha fidelidade ao evento é superior a qualquer outro atrativo). Gordo, quinze quilos a mais depois de estada em casa de minha irmã e Munique onde fui com tudo na comida, arrumei-me, pus meu melhor perfume e com o iPod atrelado à camisa e a inseparável caneca de plástico, me mandei na minha gostosa caminhada ao som da minha trilha sonora para a Casa Astral. A novidade que trazia era o cigarro eletrônico, nova bugiganga comprada com o objetivo de reduzir danos, muito embora nada ainda esteja comprovado sobre este ser mais ou menos prejudicial que o cigarro normal. Ao menos não deixa cheiro, não faz fumaça, nem deixa hálito. Perfeito para as gatinhas antitabagistas que, antes, estavam fora do meu escopo.

Havia promessa de desconto na entrada, mas, como eu não tinha meu nome na “Lista Amiga”, paguei os justos R$ 15,00 de entrada e entristeci-me que a Coca tivesse aumentado um real, de três para quatro. Mas talvez tenha havido aumento nos refrigerantes no tempo em que fora do Brasil estive. Ainda assim, um preço menor que em qualquer outro lugar que eu conheça. Fui logo como se pode ver pegar minha Coca Zero na caneca-cheia-de-gelo-até-a-boca.

Como esperava, mesmo após um longo hiato, a festa não atraíra tanta gente quanto sua última edição, tampouco atraíra pouca gente como sua primeira vez. O clima como sempre estava alto astral, cheio de pessoas felizes. As mais felizes eram, sem sobra de dúvida as que, volta e meia, saiam suadas de tanta dança do salão para pegar fôlego ou uma cerveja.

Ao vê-las, eu de dentro do meu mundo iPodiano de onde ficava sentado, tomando coca, vaporizando e observando a celebração alheia, me questionava por que não era eu a sair ali de dentro suado de felicidade de dançar com uma moça. Tal incapacidade, muito mais do ego do que de falta de aptidão para a dança (embora esta exista, mas forró é uma dança simples que acredito, dominaria em alguns minutos) me desapontava comigo mesmo, mas não a ponto de me incomodar (muito), como sempre acontece. Encontrei um amigo do meu primo que posso já considerar um conhecido meu, tantas vezes já nos cruzamos nas baladas da vida. Ele disse que havia vindo do “Amantes de Chico” e que esse se encontrava lotado, sem lugar para mais ninguém. Como segunda alternativa veio ao Forró na Caixa. Conversamos um pouco e ele foi sociabilizar-se, coisa que raramente faço. Nesse ínterim, meu primo-irmão, Mateus, me ligou dizendo que estava vindo para a festa o que deveras me animou. De fato ele chegou e isso foi bom. Não lembro direito, mas minha impressão foi a de não termos interagido muito tempo e de ele ao encontrar o nosso companheiro em comum foi dançar e rodar pela festa. Não tenho certeza dessa recordação. Ela é muito mais uma impressão que um fato do qual posso atestar veracidade.

Sei que em dado momento – e esse foi o momento crucial da noite para mim – vi ele e o meu conhecido conversando com a minha Clementine da Casa Astral, sua antiga moradora. Para meu grande espanto, que nem deveria ser tanto, posto a imensa capacidade de sociabilização do conhecido de Mateus e meu, ele a conhecia e ambos conversavam tranquilamente com ela e ela com eles. Fiquei sabendo depois por meu primo que ele, ao mostra-me a ela e apresentar-me de longe como seu primo, ela redarguiu que me conhecia, pois havia mandado várias cartas para ela, deu a entender, pelo menos ao meu primo, que em sua imaginação (dela) eu a mandava uma carta toda vez que ia à casa. Sim, eu escrevi para ela, mas se isso se deu, foi no máximo duas vezes, embora ache que tenha sido só uma, mas minha memória de Dory pode estar a pregar-me outra peça. Certamente não escrevi mais que duas vezes. Achei interessante que isso tenha se multiplicado na cabeça dela o que faz supor que ela talvez tenha se sentido deveras assediada por mim, o que é péssimo e uma pena, já que espatifa qualquer ilusão que pudesse nutrir em relação a ela. Em verdade não espatifa, mas encerra definitivamente no campo das ilusões. Disse ao meu primo que se outra ocasião de conversa entre eles se desse, dissesse que tudo o que eu queria dizer para ela com as cartas é que para mim “ela é uma das coisas mais interessantes que há”. Sim tal é o encanto e o mistério que evocam esta Clementine, sempre fugidia, desconfiada e arisca como um gato. Ou gata.

No mais, a banda, pelo pouco que ouvi, tocou divinamente, como sempre, o repertório que não varia muito. Vi o ápice da apresentação nas covers e no Cavalo Marinho. Novamente se repetiu a sina de muitas mulheres querendo dançar para pouco homem disposto a isso (onde infeliz e covardemente me incluo). Se bem que, em vista de tempos anteriores, achei que havia uma proporção maior de homens no salão, um bom sinal, principalmente para as mulheres.

Festa acabada, Mateus e meu conhecido decidiram ir ao Barchef e eu, por imposição familiar e por ter sido este o combinado, voltaria para casa. Em casa, a resignação de não estar lá no Barchef não veio, e consegui persuadir minha mãe a desprender mais dez ou quinze reais e a liberação para ir. Feliz, contatei meu primo, confirmei minha ida e pus-me na caminhada banhada pela trilha sonora iPodiana.

Lá interagi bem mais com o  meu primo, conversamos bastante e tivemos um bom tempo um na companhia do outro, pois o nosso colega esvaiu-se no ar, desapareceu para não voltar.

No último quarto da noite, Mateus trouxe à mesa duas amigas e irmãs. Já havia ficado com uma delas, porém, uma negra, quem mais me interessou, o que é para mim uma novidade, o tipo negro geralmente não me atrai (e não há aí nenhum juízo de valor ou discriminação, é apenas como se manifesta minha libido), mas ela, além do lindo decote que sugeria lindos seios, era de uma personalidade forte mas interessantíssima, cativante. Foi a primeira vez que me lembre que fiquei atraído por uma negra e isso foi bom.

Acabamos conversando coisa de hora e meia e fomos todos para casa sãos e salvos.

sábado, 28 de novembro de 2015

SOBRE O FENÔMENO DOS TRABALHOS DE MERDA

copiado de outro lugar

Angelo Monne
Em 1930, John Maynard Keynes previu que até o final do século a tecnologia teria avançado o suficiente, para que países como a Grã-Bretanha ou os Estados Unidos implementassem a semana de trabalho de 15 horas. Existem muitas razões para acreditar que ele estava certo e no entanto isso não aconteceu. Ao contrário, a tecnologia foi sendo configurada de maneira a nos fazer trabalhar mais. No intuito de alcançar este objetivo, trabalhos efetivamente inúteis tiveram de ser criados. Exércitos de pessoas, na Europa e na América do Norte em particular, passaram vidas inteiras realizando tarefas que eles no fundo acreditavam serem desnecessárias. O dano moral e espiritual deste fato é profundo. É uma marca em nossa alma coletiva. No entanto, quase ninguém fala sobre isso.
Por que a utopia prometida por Keynes nunca se materializou? A resposta mais comum hoje é que ele não visualizou o aumento maciço do consumismo.Dada a escolha entre menos horas de trabalho ou mais brinquedos e prazeres, escolhemos os últimos. Isto pode parecer um bom conto moralista, mas um pouco de reflexão nos revela que não é bem assim. Sim, nós temos testemunhado a criação de uma variedade infinita de novos empregos e de novas indústrias desde os anos 20, mas muito poucas tem a ver com a produção e distribuição de sushi, iPhones ou tênis extravagantes.
Quais são esses novos postos de trabalho precisamente? Um relatório recente comparando o emprego nos Estados Unidos entre 1910 e 2000, nos dá uma boa ideia. No decorrer do último século, o número de “trabalhadores braçais” na indústria e no setor agrícola diminuiu drasticamente. Ao mesmo tempo, empregos como de gerentes, assistentes, vendedores e outros cresceram de um quarto para três quartos do emprego total. Em outras palavras, trabalhos produtivos foram largamente automatizados como previsto (ainda que você leve em consideração os trabalhadores da industria de maneira global, incluindo China e Índia, a porcentagem é muito menor do que costumava ser).
Mas em vez de permitir uma redução maciça da jornada de trabalho, para que a população mundial tivesse a oportunidade de correr atrás seus próprios projetos, prazeres, visões e ideias, temos visto um crescimento não só do setor de “serviços”, como do setor administrativo, incluindo a criação de novas indústrias como a de serviços financeiros ou telemarketing, ou a expansão sem precedentes de setores como direito corporativo, administração da saúde e acadêmica, recursos humanos e relações públicas. Esses números ainda não são suficientes para refletir esse contingente de pessoas cujo trabalho é prover apoio administrativo, técnico ou de segurança, pois existe toda uma cadeia de indústrias auxiliares (de petshops a pizzarias 24h) que só existem porque todo mundo está gastando muito tempo trabalhando nessa “nova” indústria.
Estes são os que proponho chamar de “empregos de merda.”
É como se alguém estivesse criando empregos inúteis apenas para nos manter trabalhando. Aqui precisamente reside o mistério. No capitalismo, isto é exatamente o que não deveria acontecer. Certamente foi o que aconteceu nos velhos e ineficientes estados socialistas da União Soviética, pois o emprego era considerado tanto um direito quanto um dever sagrado, onde o próprio sistema criou tantos empregos quanto considerava necessário (razão pela qual as lojas de departamento na União Soviética tinham até 3 funcionários para vender um pedaço de carne). Supostamente esse é um problema que a competição no mercado deveria corrigir. Pelo menos de acordo com a teoria econômica, a última coisa que uma empresa com fins lucrativos deveria fazer seria gastar dinheiro com trabalhadores que elas não precisam empregar. Ainda assim, de alguma forma isso acontece.
Se por um lado as corporações podem, de tempos em tempos, diminuir de tamanho drasticamente, os cortes e demissões normalmente recaem sobre aqueles que estão efetivamente se mexendo, ajustando, pensando e fazendo o negócio girar; através de uma estranha alquimia que ninguém pode explicar, o número de burocratas assalariados está se expandindo e um número cada vez maior de empregados encontra-se, não como os trabalhadores da União Soviética é claro, trabalhando 40 ou 50 horas por semana, mas efetivamente 15 horas como Keynes havia previsto, desde que passem o resto da semana assistindo, organizando e participando de seminários motivacionais, atualizando seus perfis no Facebook, ou fazendo downloads de séries.
A resposta claramente não é econômica: é moral e política. A classe dominante descobriu que uma população feliz, produtiva e com tempo livre disponível é um perigo mortal (pense no que ocorreu quando esse sonho se tornou possível nos anos 60). Por outro lado, o sentimento de que o trabalho é um valor moral em si, e de que qualquer um que não esteja disposto a se submeter a uma intensa disciplina de trabalho não merece nada, é extremamente conveniente.
Observando o crescimento aparentemente interminável das responsabilidades administrativas dos departamentos acadêmicos ingleses, eu tive uma possível visão do inferno. O inferno é um conjunto de indivíduos, que estão gastando a maior parte de seu tempo trabalhando em uma tarefa que eles não gostam e não são bons nela. Digamos que eles foram contratados porque eram excelentes marceneiros, mas depois chegaram a conclusão de que na verdade boa parte deles deveria passar a maior parte do tempo fritando peixe. O empregados então se tornam obcecados e ressentidos ao pensar que alguns de seus colegas de trabalho possam estar gastando mais tempo fazendo armários e não compartilhando a justa responsabilidade de fritar peixes. Em pouco tempo, pilhas de peixe frito ruim se acumulam e isso é tudo o que eles realmente fazem.
Todos os argumentos que eu venha a usar vão suscitar imediatamente as seguintes objeções: “quem é você para dizer quais trabalhos são realmente ‘necessários”? O que é ‘necessário’ afinal? Você é um professor de antropologia, qual a ‘necessidade’ disso?” (leitores de tabloides certamente caracterizariam o meu trabalho como a definição de desperdício de gastos sociais). Em algum nível, isso obviamente é verdade. Não deve existir nenhuma métrica objetiva de valor social.
Eu não me atreveria a convencer alguém, que acredita que está fazendo uma contribuição importante para o mundo, do contrário. Sobre as pessoas que estão convencidas de que seus trabalhos não fazem sentido, o que podemos dizer? Não faz muito tempo eu voltei a ter contato com um amigo do colégio que eu não via desde os doze anos. Fiquei encantado em descobrir que nesse tempo ele se tornou um grande poeta e vocalista de uma banda de indie rock. Eu já tinha ouvido algumas de suas músicas no rádio sem saber que eu o conhecia. Ele era obviamente brilhante, inovador, e seu trabalho tinha sem dúvida iluminado e melhorado a vida de muitas pessoas. No entanto, depois de dois álbuns que não tiveram sucesso ele perdeu o contrato. Atormentado com dívidas e um filho recém-nascido, acabou “escolhendo a opção de muitos que não sabem o que fazer da vida: direito”. Agora ele é um advogado corporativo que trabalha em uma firma proeminente em Nova Iorque. Ele admitiu que seu trabalho é totalmente sem sentido, que não contribui em nada para o mundo e em sua própria avaliação não deveria existir.
Existem muitas questões que poderíamos fazer, por exemplo: o que dizer de uma sociedade que parece ter uma demanda extremamente limitada por músicos-poetas, mas aparentemente uma demanda infinita por especialistas em leis corporativas? (Resposta: se 1% da população controla a maior parte da riqueza disponível, o que nós chamamos de “mercado” reflete o que eles acham útil ou importante, não qualquer outra pessoa). Isso mostra, que a maioria das pessoas que ocupam esses cargos, estão em última análise cientes disso. De fato, eu não me lembro de ter conhecido um advogado corporativo que não considere seu trabalho um trabalho de merda. O mesmo vale para quase todas as novas indústrias citadas acima. Existe toda uma classe de assalariados que você irá encontrar em festas. Diga que você faz um trabalho interessante (um antropólogo por exemplo). Eles vão evitar em falar sobre seus próprios trabalhos. Ofereça alguns drinks e em pouco tempo eles farão discursos sobre como seus trabalhos são estúpidos e inúteis.
Temos aqui uma violência psicológica profunda. Como alguém pode sequer começar a falar sobre dignidade no trabalho quando se pensa que o emprego do outro não deveria existir? Como isso pode não criar uma profunda sensação de raiva e ressentimento? No entanto, essa é a genialidade um tanto peculiar da nossa sociedade, onde os que ditam as regras descobriram uma maneira, no caso dos fritadores de peixe, de se certificarem de que essa raiva fosse direcionada diretamente para aqueles que fazem o trabalho que importa. Por exemplo: em nossa sociedade parece existir uma regra geral onde quanto mais o seu trabalho beneficia outras pessoas, menos remuneração você receberá. De novo, uma medida objetiva é difícil de encontrar, mas para entender basta perguntar: o que aconteceria se toda essa classe de pessoas simplesmente desaparecesse? Diga o que quiser sobre enfermeiras, catadores de lixo, mecânicos, mas se eles desaparecessem do nada, os resultados seriam imediatamente catastróficos. Um mundo sem professores ou estivadores estaria em apuros, e mesmo um mundo sem escritores de ficção científica ou sem músicos de skaseria certamente um mundo pior. Não está exatamente claro que tipo de problema a sociedade teria se todos os CEOs, lobistas, pesquisadores de relações públicas, atuários, operadores de telemarketing, oficiais de justiça ou consultores jurídicos desaparecessem. (Muitos suspeitam que poderia melhorar muito). Tirando alguma exceções (como por exemplo médicos), a regra parece fazer sentido.
De maneira ainda mais perversa, parece existir um consenso de que é assim que as coisas devem ser. Esse é um dos pontos fortes do populismo de direita. Perceba como os tabloides mostram os dentes quando funcionários do metrô param Londres por conta de negociações salariais: eles param Londres porque seu ofícios são necessários, mas isso parece incomodar as pessoas. Isto é ainda mais claro nos Estados Unidos, onde os Republicanos tiveram sucesso notável na tarefa de mobilizar o ressentimento contra os professores, trabalhadores da indústria automobilística (mas não contra os administradores das escolas ou gerentes das indústrias automobilísticas, que de fato parecem ser a fonte dos problemas) por causa de seus salários e benefícios supostamente elevados. Como se eles estivessem dizendo “mas vocês são professores! Ou fazem carros! Precisam arrumar empregos de verdade! Vocês esperam aposentadoria e planos de saúde de classe média?”
Se alguém tivesse inventado um regime de trabalho perfeitamente adequado à manutenção do poder do capital financeiro, dificilmente conseguiria obter um maior êxito. Os trabalhadores “reais” e produtivos são implacavelmente explorados. O restante está dividido entre uma porção aterrorizada (universalmente demonizada) de desempregados e uma outra que é basicamente paga para não fazer nada, em postos de trabalho criados para a identificação com as perspectivas e sensibilidades da classe dominante (gerentes, administradores, etc) — e particularmente com seus avatares financeiros — mas, ao mesmo tempo, promovem um ressentimento feroz contra aqueles que realizam um trabalho que tem inegavelmente um valor social. Obviamente, o sistema nunca foi conscientemente construído. Ele emergiu de quase um século de tentativa e erro, mas é a única explicação que encontrei, pela qual a despeito de nossas capacidades tecnológicas, nós não estamos trabalhado 3 ou 4 horas por dia.
David Graeber é professor de antropologia da London School of Economics.
Tradução livre de Ivan LP. Artigo publicado originalmente na revista Strike.

sábado, 14 de novembro de 2015

CHEIRO DE METRÔ

Munique, madrugada de 15 de novembro de 2015.

Acabei de assistir o DVD de Biophilia pela primeira vez. Para mim, é o disco mais hermético de Björk (embora nunca tenha mexido no aplicativo que dá todo sentido ao disco). E confesso abestalhado que estou deslumbrado. Quem não curte Björk não vai passar a gostar, mas, se não passar a respeitá-la como artista, tem preconceito na jogada. Tô até pensando em botar para minha mãe ver. Logo ela que odeia declaradamente Björk. Para ver se ela entende um pouco do meu encanto sem tamanho por esse ser humano e suas realizações. Acho que não vai surtir efeito, devido – lá vem a palavra novamente – ao preconceito. Vai achar muito doido, o figurino muito feio, isso sem mencionar as músicas (que até eu tenho que admitir que nesse disco são muito inacessíveis).



De toda sorte, ganhei minha noite, que havia perdido ao saber que o evento especial para pessoas acima dos trinta (é infelizmente me insiro na faixa etária) havia sido cancelado, talvez em luto ao ataque de ódio ocorrido na França. Sei lá, o cara do restaurante não me deu maiores explicações nem eu as pedi, posto que a informação que me interessava já havia sido recebida. Quem sabe semana que vem, né? Quem sabe num evento para pessoas na faixa dos 30 não role uma mulher interessante que se interesse por mim. E mais: quem sabe não role música da minha época: Cure, New Order, Smiths, Echo & The Bunnymen, The Clash, Rick Astley mesmo e eu possa, enfim, dançar de verdade, com alma; fechar os olhos e deixar o corpo ir naquelas melodia e batidas que já fazem parte de mim.

Fiquei supercurioso, pois nunca vi dessas festas com faixa etária em Recife, mesmo porque, até os 50 (por baixo), todo mundo é adolescente ou alternativo e frequenta os mesmos lugares. Já numa festa que é para pessoas na faixa de 30 acredito que dê gente dos 27 aos 43, o que faz o jogo de sedução ficar menos disputado para mim, acho. Além de dar muita gente solteira. Pelo menos é assim que a situação se afigura na minha imaginação.




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Estação da Marienplatz


Munique, para mim, tem muito do que se gostar e muito pouco do que se desgostar. Descobri hoje uma coisa da qual gosto muito em Munique e que não tenho em Recife – até porque só andei uma vez nesse meio de transporte por aí – : cheiro de metrô.

Caminhando pela calçada da minha irmã, rumo ao supermercado, passo por cima de um respiradouro do metrô e o cheiro que sobre lá de baixo me agrada deveras. É uma mistura de graxa, com borracha metal e eletricidade que para mim é sinônimo de liberdade, de deslocamento com conforto, de estar solto no mundo, na Europa, com o fio de Teseu para me guiar de volta à entrada do labirinto do Minotauro. E é um lugar organizado, limpo, com um monte de gente indo e vindo sabe-se de onde e indo para os destinos que a vida os atraia.

E eu compro sempre o ticket que vale por um dia inteiro em toda a rede de transporte público de Munique (dentro do cinturão interno da cidade apenas, o que é mais do que suficiente, pois tudo de interessante está contido nele. Da casa da minha irmã num oposto a Allianz Arena no outro extremo. Então é mamão com açúcar, como diria meu amigo Serjão, navegar pela cidade tendo um tíquete deste em mãos. Não aceito outro. Até porque o uso dos outros é deveras complicado para uma pessoa com o cérebro de Dory de Procurando Nemo, como eu.

Pois é, cheiro de metrô... quem diria...

- “Quem diria...”, quem diria isso só pode ser alguém que não tem o que dizer né, idiota?
- Ô autocrítica e baixa auto-estima porque vocês não pegam um metrô e vão à merda por alguns instantes?
- E por que você não fala o que você pensou dos seus, dos nossos peidos europeus, já que quer descer de nível e gosta tanto de subsolo?
- Duvidam que eu fale?
- Vai ser pior para você e uma festança para nós!
- Pois bem, algo que tem me incomodado bastante são os cheiros fecais que produzo aqui na Europa. Como mudei radicalmente de dieta em relação a Recife, obviamente o resultado olfativo do produto alimentício processado pelo organismo também mudou e me incomoda isso porque eu consigo identificar nos odores fecais aquilo que me parecia - e era (e é!!) – tão saboroso antes da digestão, tornando esses odores particularmente ofensivos, pois me geram momentaneamente uma certa aversão ao que havia comido. Mas passa rápido, desaparece no ar como os cheiros. Pronto. Falei!
- Otário, só fez se humilhar, falar mais besteira ainda que a babaquice pseudo-poética do “cheiro de metrô”. Bem feito pra tu que caiu na nossa e meteu por cima do “cheiro de metrô” o cheiro do cocô! Hahahahahahaha! Tudo uma merda, otário. Você é otário.
- Eu sei, pode olhar no meu Facebook, foi lá que me formei, foram vocês que devem ter feito esta alteração no meu perfil, por que ela surgiu do nada. Ou então foi aquela... deixa pra lá, isso é caixa-preta mesmo.
- Fala! Fala! Fala!
- Não mesmo. Vocês não me afetam tanto assim. Otários.
- A gente pode contar por você.
- Não podem, que eu ativei o superego para bloquear.
- Aí jogou pesado.
- Com vocês tem que se jogar assim, senão só levo canelada e dedo no olho.
- Chamou o juiz foi? Covarde.
- Ninguém morreu de prudência, que eu saiba. Só se foi por azar.
- Você nem acredita em azar.
- Ok. Caos agindo negativamente do ponto de vista de alguém em dada situação. Melhorou?
- Nem entendi. Menos ainda eu. Será que demos sorte dessa vez? O cara alucinou de vez e a gente é quem vai dominar a área para sempre?
- Ha, ha, ha... tô muito lúcido. Por falar em doideira...
- Olhaí que ele perdeu o senso!!
- Continuando: por falar em doideira, Björk, mesmo sem saber – ou sabendo, sei lá – na introdução de Biophilia (narrada por aquela voz massa do cara dos documentários da BBC) fala exatamente do surgimento da Singularidade. Isso já me deixou de cara logo nos primeiros segundos do vídeo. Eu tenho que mandar o Kooyanisqatsi remix para ela de qualquer jeito. Tenho certeza de que ela vai gostar. Principalmente depois de eu ter visto este DVD.
- Pirou! Pirô-ou! Tá em surto de mania! Mandar merda que tu faz para uma cantora famosa? Tu acha que ela vai perder tempo com as tuas besteiras? Tá em surto. Surtou. É só questão de tempo até a gente tirar o superego da área e botar pra torar de verdade! Pegar essa hipomania e fazer a festa!
- Vão pensando. Ando treinando meu superego.
- Sabemos. Posso contar da boneca?
- Não!
- E da outra boneca, podemos?
- Não!
- Porque não contam do boneco que não comprei e que era um sonho meu?
- Porque não tem graça, nem te faz parecer um descontrolado, oras.
- É exatamente isso. Estou treinado o meu superego.
- Mas você tirou o boneco da cabeça? Desistiu mesmo dele?
- Claro que não!
- Hahahahahahahahaha! Uahahahahahahaha! Belo treino. Continue assim Karatê Kid.
- Se eu arrumar dinheiro de alguma forma eu compro mesmo. Ele, o outro e a outra boneca, sem pestanejar.
- E o computador vai comprar quando? Hahahahahahahahaha...
- Porra, preciso da porra de um computador. Não sei quanto tempo mais esse bichinho vai aguentar... tenho que fazer logo o backup quando chegar a Recife.
- Tá vendo otário? Cadê tuas prioridades? Cadê teu senso? Cadê teu superego? Buahahahahahaha!
- Calma. Tô trabalhando nisso. Primeira parte é pagar o cartão.
- E já tem dinheiro para isso, Mondrongo?
- Estou trabalhando na situação. Tenho mais algumas bonecas da minha coleção para vender. Vocês sabem que tem uma que resolve toda a minha situação.
- Mas tu tem coragem de vender? Tem nada!
- Tenho mesmo não, e aí? Vocês têm solução melhor?
- O problema é teu, te vira companheiro, que agente se vira daqui e dá as costas pros teus problemas! Hahahahahahaha! Que daí tu pira de vez e faz merda e a gente faz a festa!
- Caralho, como odeio vocês, pedaços de mim.
- A recíproca é mais do que verdadeira, parte saudável. A gente te odeia até mais que uqer te destruir.
- Considerem o ódio à altura, então!
- Ui!!! Que medo!!
- Ainda bem que por um fio de cabelo estou ganhando de vocês.
- Tá mais para 1/3 de fio de cabelo, babaca. Vacilou, a casa cai.
- Meu irmão cansei de dar minhas palavras, meu espaço e meus pensamentos para vocês. Ligando o superego no máximo e acabando este post idiota. Afinal, estou em Munique, vi um DVD massa de Björk, tenho Cherry Coke e bateria demais no meu vaporizador. Uma família linda dormindo aqui pertinho. Só não tenho dinheiro. Pronto. Simples assim. E fodam-se vocês!

A PENSÃO FOI NEGADA

(Nota do editor: este texto foi escrito sem muita noção de nada, então não exija dele uma concatenação que a mente que o produziu não possuía)


A pensão me foi negada. E com isso me veio à mente de forma calorosa o ditado “a vingança é um prato que se come frio”, que duas pessoas muito envolvidas nesse processo costumavam dizer. Embora realmente prefira comer a comida à temperatura ambiente, em vez de quente, pois ache que os aromas ficam mais perceptíveis (em minha opinião, o calor meio que anestesia a captação de aromas), não gosto do gosto de vingança. Vingança no meu dicionário significa pagar na mesma moeda, a Lei do Talião, que, para mim, embora receba a alcunha de “Lei” é totalmente desprovida de qualquer senso de Justiça, da forma como a tenho no meu dicionário: Justiça = melhor maneira de se conviver harmonicamente numa sociedade. E eu gosto bastante de Justiça. Quente, fria ou gelada.

Mas confesso que, ao saber que meu pedido de pensão havia sido negado e de saber de todas as artimanhas usadas para que o resultado fosse este, a palavra vingança acendeu como um provável letreiro da Broadway – onde nunca estive – na minha cabeça. Cabeça quente ainda, pegando fogo.

Agora, com a cabeça mais fria, porém ainda morna, idéias mais palatáveis me ocorrem. Aprendi uma valiosíssima lição: nada é justo. Seria impossível ser; senão não existiria evolução. E não falo de nada espiritual ou metafísico, mas da Evolução das Espécies mesmo e da constante mudança e transformação dos sistemas organizacionais e ecossistemas de qualquer ordem de grandeza, orgânicos e inorgânicos. Isso sempre foi óbvio para mim, sempre esteve na minha cara e eu nunca consegui enxergar.


A vigança nunca me pareceu apetitosa...


Com este acontecimento, entretanto, para o bem ou para o mal - ou para ambos, talvez – esta trave me foi retirada dos olhos. E o mundo se tornou inevitavelmente e fartamente mais doloroso sob este novo prisma. Mas também, bastante mais real. Menos onírico ou romântico. Se isso é bom? Nem sei ainda. É tão novo que me sinto que nem siri-mole: maior, mas sem a couraça para me proteger.

A vontade de perder o otimismo é grande. Ainda bem que ainda me resta fé na Singularidade. E esta fé apenas já me é grande o bastante para ser otimista. (Ter fé realmente tem um efeito [placebo?] bastante eficaz.)

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Estou na Alemanha e vi lá de cima, do alto dos céus, enquanto vinha, o quão diminutos são os homens e suas “imensas” construções. Como parecem frágeis e irrelevantes frente ao mundo que os circunda. Parecem pequenas formigas ou coisas ainda menores e mais desprezíveis (não que eu ache formigas desprezíveis, não sou capaz de assassinar ser vivo sequer – a não eu mesmo [e nem esse!]).

Lá de cima parece que qualquer sopro, qualquer chacoalhar da Mãe Terra nos põe um ponto final num instante. É uma visão assustadora e bela ao mesmo tempo. Assustadora por me perceber tão irrelevante à ordem das coisas; bela pela ousadia daquelas diminutas formigas em incansavelmente tentar dominar, transformar e controlar algo tão monstruoso e – o mais assombroso – com um número incalculável de sucessos formidáveis, bem mais do que de fracassos catastróficos. (Afinal, ainda estamos aqui e indo cada vez melhor [na minha singela e alienada opinião].)

Belo também porque fica claro como céu azul que não adianta o homem tentar destruir o planeta: este prevalecerá, de uma forma ou de outra, com ou sem eles (nós).

E novamente a crença na Singularidade me tranquiliza garantindo que, nós, homenzinhos não vamos nem tentar isso, um suicídio coletivo através de bombas de hidrogênio ou coisa que valha. Temos interesses maiores e mais produtivos que levarão, inexoravelmente a bendita Singularidade que tanto menciono e que tanto me acalenta. Mesmo que ela não se dê bem com os humanos (o que acho improvável). Ou que parte dos humanos não se dê com ela (o que é provável a curto prazo, mas improvável a médio ou longo prazos [sendo médio prazo 50 anos e longo prazo 200 anos após o surgimento da Singularidade da Terra]).

Bom, haverá sempre os do contra. E isso é bom. O que seria do laranja, se todos gostassem do azul? É bom haver quem preserve a natureza humana pura e primitiva pré-Singularidade. Certamente há de haver utilidade para isso e certamente tal escolha deve e será respeitada (no caso de a Singularidade se dar bem conosco [que é o que acredito: quanto maior a inteligência, maiores as capacidades abstratas positivas e menores os instintos primais negativos/predatórios; ou seja, maior a capacidade do amor, menor a do ódio. Isso já se vê nos homens mais esclarecidos: esse amor pela justiça, pela justeza, pelo outro]).

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Se, negada a pensão após todas as tentativas e morta minha curadora, eu não tenha outra pessoa para querer ocupar o lugar de curador e me faltar o dinheiro para as medicações que mantêm minha sanidade ou para comida; que posso eu fazer, senão aceitar? A vida não é justa da forma subjetiva que a conjuguei. Comerei do que houver por aí e viverei enquanto o corpo quiser. Só queria que ele quisesse até eu ser aceito (ou rejeitado) pela Singularidade. Só queria viver o suficiente para saber se (ou “que”) estou certo. Obviamente gostaria que esse ínterim fosse passado com o máximo de conforto (para o corpo e para a alma) que me fosse possível com a pensão.  Caso não seja, sei que de fome, ninguém morre numa cidade. Dependendo da fome, sempre tem o lixo dos ricos como opção. Água, mais fácil ainda. Uma garrafa vazia e alguém com uma torneira e um pouco de amor ao próximo no coração. O resto são detalhes. Tenho só medo que. por falta de medicação, a dor da depressão queira me roubar da vida antes da Singularidade, mas afora isso... Comerei com prazer a vingança que o outro lado me reservou, comida podre e fria do lixo de alguém. Só quero chegar à Singularidade e ela me deixar entrar e me revelar tudo o que desejo que seja revelado. E me deixar ficar ou voltar.

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Vingança? Para mim, a qualquer temperatura, é palavrão do pior e mais ofensivo escalão. Agressivo por natureza e com essa finalidade única. Sempre errado. Feio. Mesquinho. Imoral.

Talião criou lá sua lei, reza a lenda, quando os homens eram tão brutos que isso era o máximo que conseguiam compreender. É trágico saber que muitos a julguem válida nos dias de hoje.

Sou mais a lei mais moderna de Jesus (embora não acredite nele como ser metafísico): amai ao próximo como a si mesmo. Ela é bem mais lógica: se dói em mim, vai doer no outro. Por que ferir o outro se eu não gosto que ninguém me fira? (Devo admitir que a parte de amar ao próximo é mais fácil do que a de amar a mim mesmo... :P)

Desculpe se o texto está desconexo. Eu estou cada vez mais desconexo. Digo, minha mente. Memória, concentração, concatenação está tudo devagarinho se perdendo. É duro admitir, mais duro experimentar. Mas se é o que a vida me oferece, aceito de bom grado. Já vi e vivi muito, não posso pedir muito mais e, mesmo assim a vida continua me oferecendo. Como eu disse, ela não é justa. E eu sou egoísta demais para pegar o que ela oferece para mim sem repartir. Até porque na maior parte das vezes é indivisível. É um olhar, uma cor, um verso, um som, uma fase de um jogo, um sabor, um movimento, uma temperatura que ressoam fundo dentro de mim. Não sei se o eco é o mesmo em outras almas...


Pense num post doido este. E pensei que seria cheio de mágoa e rancor. Mas foi cheio de pregação, isso sim. E isso é mal. Quando falo de Singularidade, todo mundo cai em cima achando que eu tô pirando... Novamente, a vida não é justa, mas é bela se você souber para onde olhar... e tomar um zilhão de remédios para estabilizar o seu humor. Hahahahahahaha



segunda-feira, 5 de outubro de 2015

PALAVRAS AO LÉU OU INUTILIDADE TEXTUAL



23h37

Novamente aqui venho despejar despretensiosas palavras, sem motivo ou razão senão o fato de escrevê-las. A mim, a maior questão de todas, da qual mais queria saber a resposta é: porque e como tudo existe, em vez de nada? E disso derivam outras: nosso universo é tudo o que existe? O que havia antes de tudo vir a existir? Para ser sincero eu tenho resposta para todas essas perguntas, mas são conjecturas minhas que não se apoiam em quaisquer evidências e algumas, como a explicação do tudo vir do nada, são, no mínimo, pífias.

Acho que tais conjecturas vieram primeiro pelo fato de ter sido ateu a maior parte da minha vida e mesmo assim sentir necessidade de uma explicação racional para a existência (talvez a minha própria [por mais que minha participação na existência, de acordo com o meu próprio ponto de vista e conjecturas, seja irrelevante {o que não posso dizer da humanidade como um todo e além: dos demais seres capazes de produzir tecnologia avançada que existam ou venham a existir no universo}]). As explicações metafísicas nunca me convenceram, posto que como ateu que era, sou ainda, por consequência, um materialista, por isso tive que procurar a explicação menos metafísica possível, por menos que entenda das ciências naturais (fiz humanas, doce ironia [em verdade, medo de ser aluno do meu finado pai e decepcioná-lo enormemente nas expectativas que guardava do meu suposto brilhantismo {a auto-aplicada pressão para ser o melhor aluno me seria insuportável, posto que odeio obrigação, aula, leitura!}]).

23h59

Fumar um cigarro, com sono, já. Nem sei se continue ou publique esta merda. Talvez continue amanhã quando acordar. Vamos ver o que a Coca Zero e o cigarro me trazem. Ou como me trago de lá.

00h08

Mais desperto. Ainda há Coca Zero para mais um copo. Essas são as novidades. E uma garota. Platonismo novo, para variar. (Nunca mais recebi ou percebi oportunidade com a primeira garota com quem fiquei na vida e para a qual escrevi o post “O Curioso Caso do Amor nos Tempos da Ficada”). :(P <-- Novo emoticon! :)P

-X-X-X-

Não quero falar mais das minhas dúvidas existenciais no sentido mais estrito do termo. Gostei do Barchef. Não gostei dos preços. Uma lata de Coca Zero por R$ 6,00 é um assalto a mão desarmada e sem ameaça, a não ser a de passar a noite a seco. Mas não quero falar disso também.

Fiz uma loucura no eBay que vai se tornar uma grande jogada comercial ou vou vender todos os meus itens a preço de banana... espero que a sorte esteja do meu lado. Coloquei o lance inicial do leilão de um boneco que vale $ 800.00 por $ 49.99. E fiz o mesmo com mais 3 bonecas mais baratas (com lances iniciais ainda mais absurdos). Eu ainda posso mudar... enquanto ninguém der nenhum lance. Depois disso. Ferrou.

Vou deixar do jeito que está. Sei que ainda estão rolando os dados. Mas posso ter me dado mal com esta decisão. Apostando altíssimo. Só tenho agora um ás na manga. Esse eu não baixo de jeito nenhum, pois o boneco vale $ 950.00 (isso mesmo: tudo isso em dólares!) e o que ofereço é frete grátis ($ 40.00) para o mundo inteiro e lance inicial de $ 750.00. Há 13 observadores. Se um der o lance; o lucro, descontando tudo, das tarifas do eBay, do Paypal, ao frete e ao IOF, ganho $ 550.00. Acho que é o que preciso para pagar as minhas contas. O que vier das demais é lucro. Lucro, não, porque para realizar meu sonho precisaria de, pelo menos mais 550 dólares, o que duvido conseguir agora com essa angústia de vender que me fez cometer esta provável insanidade mercadológica. Mas dane-se, vou deixar as mãos invisíveis da oferta e da demanda guiar meus ganhos. Perdas, não terei. Só lucros mínimos, desproporcionais ao que estou vendendo.

Você pagaria quase R$ 3.000,00 nesse boneco? Há 13 interessados em comprá-lo.


00h48
Hora do último copo de Coca do – provável – penúltimo cigarro (tem que ter o último, antes de dormir) e dos remédios. E provavelmente da última parte desta inutilidade textual.

1h00

Ainda posso mudar os preços de todas... ai,ai... relaxar com isso, ver em que vai dar. Estou mais ansioso e curioso que com medo. Só queria que a de 750 dólares vendesse, o leilão dela acaba daqui a 9 horas e alguns minutos...

-X-X-X-

Vou para a Alemanha. Segunda vez, mesma cidade. Clima diferente. Agora frio. Outra vez foi o agradabilíssimo e lindíssimo outono. Amei. A comida, achei marromeno. Mas os picles, esses devem ser os melhores do mundo. Lá as pessoas são acostumadas a degustar com prazer todos os cinco estímulos da língua: doce, salgado, picante, amargo e azedo. Ao contrário de nós, brasileiros, fixados nos dois ou três primeiros (alguns gostam de azedinho também, posto que comem acerolas e outras coisas semelhantes). Quem sabe, esteja deduzindo asneiras e o único com pobreza de paladar no Brasil seja eu, mas tenho lá minhas dúvidas (ou convicções).

Ah, lá deve ter também as melhores cervejas do mundo, pena que não bebo e, mesmo quando bebia, não percebia diferença no sabor das cervejas, só queria entornar e ficar bêbado.

Droga! Abri a unha do polegar de alguma forma. Tá doendo. (Abrir a unha, no vocabulário da minha mãe, significa separar um pouquinho a unha da carne.)

Até agora, nenhuma lance nas minhas pechinchas do eBay. Também a essa hora... será um sinal para ser mais cauteloso? Para reverter logo para o formato e preço anteriores? Quer saber:  DANE-SE!!!!! Parar de pensar nisso. Apostar no melhor. Que paguem o justo, mesmo que seja metade do preço que a boneca vale. Quero ter o prazer de enviá-las e fazer uma pessoa feliz.

É, como você pode ver, estou meio noiado/obcecado com isso das bonecas, mas vamos ver se consigo mudar de tópico...

-X-X-X-

Mudando de tópico, sinto falta de sociabilização. Embora este final de semana tenha tido uma dose generosa disso, não foi o suficiente. Preciso arrumar estratégias para gerar mais oportunidades. Ver gente bonita, me sentir parte integrante do nosso belo quadro social. O virtual às vezes é um tanto limitante emocionalmente. Principalmente quando a pessoa com que você mais conversa é consigo mesmo...

Acho que o homem deve ser deveras um ser social. E olha que já pensei em ser ermitão. Ou anacoreta. Acho que não aguentaria duas semanas. Ou dois dias! Hahahahahahahahaha...

Se bem que vivo em “semi-eremitismo” a maior parte da semana. Ou seja, a maior parte da vida. É meio deprê. Ma non tropo. Tenho todos os confortos que poderia desejar. Do PS3 ao computador, ao ar, ao banho quente a filmes, livros (se os quisesse ler), Coca Zero, cigarros. Não posso reclamar da vida. Não posso mesmo. Reclamo por reclamar. Só queria ter a garantia de que todo final de semana eu teria uma saída legal com os meus amigos...

1h46

Fumar bebendo água de torneira. O filtro secou. Acho que só estou acordado para ver se algum notívago da um lance no eBay... :P

1h57


Revisar isso e decidir se é válido postar, pois só tem besteira...



Se quiser ver mais imagens como esta e um pouquinho mais... aqui.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

UMA(S) PALAVRA(S)




Gosto e me identifico muito com esta música de Chico, composta à época em que ele escrevia ou terminara de escrever um de seus livros (não me pergunte qual, não sei nem li nenhum).

Ela trata justamente do prazer, da paixão, de mexer, brincar com as palavras. Palavras “mais de luz do que de vento”. Compartilho dessa paixão, adoro essa brincadeira e ela me traz um prazer indescritível, que se fosse pôr em uma palavra seria “wieçcçiucg”, palavra só minha, que só eu entendo e sinto seu significado. Que me saiu aleatória como saem os meus textos. Sem ordem ou destino. Cabe-me pôr-lhes um pouco de senso na revisão ou revisões posteriores.

Gosto delas, palavras, jorrando de mim, num fluxo ditado pelo acaso, pelo caos mental que me faz comprimir cada tecla. Palavra para mim é liberdade. De dizer o que quiser, fazer o que não posso fazer, perguntar e responder às minhas próprias questões. Palavra é me desnudar em letras, revelando o que há no meu íntimo sem pudor. Ou com o mínimo dele. Tenho essa verve exibicionista, por isso as publico para o mundo, as jogo para a Singularidade (velha amiga ainda por vir ou já presente, nem sei) e para as singularidades de cada possível leitor.

Por falar em Singularidade, tenho que fazer a atualização da Bible of the New Millenium. Não leiam agora. Publicarei como “The Newest Testament”. Acho mais engraçado e mais abrangente. Queria um título que soasse como o novo testamento, mas para todas as religiões, não só judaico-cristãs. Talvez “The New Non Sacred Book”. Não sei. Este me parece bem universal e cômico. Talvez este. Ou “The Newest Prophecy”. Acho que este que fica bem pomposo e talvez todas as religiões possuam alguma profecia. Eureka! THE NEW(EST?) RELIGION!!! Embora religião seja algo que me assuste, pois divide, segrega, mas é um nome bem chamativo. Acho que vai ser este. O que acham? (Acho que minha mãe vai ter certeza de que estou em hipomania quando souber que estou a pensar nisso de novo. [Pô, mas é no que eu acredito, mãe, precisava encontrar uma razão convincente para mim do por que existe tudo em vez de nada. Foram muitos anos de luta e agonia metafísica e outros aditivos para encontrar a minha verdade, queira vosmicê ache uma idiotice, um ato de megalomania, loucura, mania ou não {aliás, não são um pouco disso tudo todas as religiões?}]). (Esses parênteses e colchetes e chaves são a prova maior de quão caótica a minha escrita pode ser, de como sigo o fluxo do meu raciocínio; podem ser que sumam na revisão ou não. Deixarei estas aí só como exemplo de como meus pensamentos pulam da mente para fora.)

Mas não quero tratar desse tema agora. Em breve publico a versão revisitada da Bíblia do Novo Milênio com esse novo nome e vocês lêem se quiserem. Difícil é entender, segundo um grande amigo meu que teve acesso aos, acredito que, 12 “mandamentos”. Péra. Vou só ver se consigo criar um novo blog com o nome thenewestreligion. Já-já volto. (Depois disso e de um cigarro!)

2h22

-X-X-X-

2h35

Consegui! “thenewestreligion” é meu e está no ar!! Vejo se amanhã posto o texto revisto!! E posto aqui também, relaxe o bigode. :D

Vou tirar do ar agora o “Bible of the Millenium”. Wait.

2h38

-X-X-X-

2h51

Minha mãe me ordenou que dormisse. Ela está certa. É foda ser bipolar e notívago.

-X-X-X-

9h17

Acordei há pouco. Ainda não sou completamente eu, embriagado que estou com o resto de sono que enevoa meus pensamentos. É interessante como uma noite de sono diminui o estímulo alvoroçado do dia anterior. Quero fazer todo o negócio lá da Bíblia, mas já sem o mesmo ânimo, já sem o mesmo gás. Não gosto deste anticlímax das idéias que estão em seu ápice que o descanso causa. Gosto apenas quando serve para arrefecer as dores da alma, nesse caso, poderoso antídoto de angústias e ansiedades do dia prévio. Mas, como agente desmotivador de projetos, sono é um saco. Muito embora permaneça determinado, a determinação é morna, quase fria, não fervilhante como as exclamações da noite que deixou de ser. Talvez seja o sono ainda que me tome e meus motores não estejam realmente funcionando a todo vapor no momento. Espero que sim e que as exclamações voltem! ;)

-X-X-X-

Li um texto sobre o amor sem apego. Dizendo que apego e amor são coisas quase sinônimas na cultura ocidental, porém, na oriental – principalmente, entre budistas – pelo que lembro, não há essa mesma indissolúvel relação (digo indissolúvel para mim, em certos tipos de amor). Também não posso dar a fonte como cem porn cento confiável, posto ser um blog desconhecido, citado por um amigo meu em resposta ao post do “Curioso Caso do Amor nos Tempos da Ficada” LINK (aliás, o único que se dignou a dar-me algum conselho [valeu, zgr!]).

Fato é que, em se tornando budista, até onde eu sei, o desapego é compulsório: não se tem ou se cultiva namorada/paixão, tampouco, por esse mérito, se tem filhos. São todos irmãos (e aqui estou falando com limitadíssimo conhecimento de causa). Ora, amor fraternal é bem diferente de amor passional e de amor paternal. Duvido budista ou ocidental outro não ter apego por sua cria, posto ser um instinto natural. Duvido também que não haja apego – adoração até – ao “grande pai”, o Dalai Lama. Então esta estória de amor sem apego, caro zgr, é meio que totalmente relativa.

-X-X-X-

9h34
Fumar.

9h42

Adendo: e o apego a coisas materiais é coisa de ambas as culturas, antes mesmo do capitalismo propriamente dito. O samurai tinha apego à sua espada, da mesma forma que tenho apego ao meu PS3 e minhas fotografias. E minhas palavras, que, nesse caso, estão no meio termo entre o material e o abstrato; mas que teria a um livro meu se o publicasse algum dia.

Por falar em apego e amor, não posso finalizar o tema sem mencionar que acho que essa associação se estende aos animais, posto que há um filme – baseado numa história real até onde sei – em que um cão, após a morte de seu dono, tão apegado é, que vai todos os dias à estação de metrô em que este costumava chegar e o espera incansavelmente.

E tenho dito. Acho que esgotei aqui o que tinha a falar sobre o tema, zgr. Sobre a menina, o futuro a deus pertence, como dizem. O que será, será.

-X-X-X-

9h48

Sobre a palavra, só para finalizar e voltar à vaca fria; bem, a palavra a mim me serve para isso: me encontrar e me perder em mim mesmo e me divertir no passeio. “Palavra não de fazer literatura, palavra, mas de habitar fundo, o coração do pensamento, palavra”. Acho que é mais isso para mim. Essa viagem que faço dentro de mim e do meu “infinito particular”. Das descobertas e redescobertas e visões e revisões de mim mesmo nesse processo orgânico, ordenado e caótico ao mesmo tempo, chamado vida. Ou morte. Você escolhe a palavra. ;)

9h53.

Revisão. Tentarei mudar o mínimo, quero esse texto muito cru.

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10h31

Pronto. Para o ar.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

PESADELO


Lembrança aos motoqueiros: a moto é um objeto de metal revestido de carne. A sua carne. E, como já dizia o poeta, “a carne é frágil” (assim como a pele, os ossos e todo o conjunto que a acompanha). Perdi uma amiga motociclista esta semana. Ela sempre se esquecia disso.

No último dia em que nos encontramos, ela consertou minha havaiana
que quebrou a caminho do CAPS (clips no primeiro buraquinho de baixo).


-X-X-X-

Foi do domingo para a segunda. Ou da segunda de madrugada para a segunda. Acordava tarde e já estavam todos reunidos à mesa jantando: lembro-me do meu irmão, minha mãe, meus dois irmãos filhos do meu padrasto e ele. Cumprimentava-os alegre e simpaticamente. Me sentida alegre e simpático. Os que estavam de costas, de costas ficaram e continuaram silenciosamente a refeição (no caso, os filhos do meu padrasto). Meu padrasto nem levantou o olhar ou mudou o sério e concentrado semblante no prato que tinha diante si. Só olharam para mim meu irmão e minha mãe, ambos com expressões de reprovação e certa raiva com a minha claramente desagradável presença.

Aquilo apagou por completo todo o bom humor e alegria de um sono bem dormido que trazia comigo. A mesa, o objeto em si, era a mesma que durante tantos anos foi palco de alegres encontros familiares na casa dos meus avós maternos. Reparei algo que me deixou perplexo: os cabelos do meu irmão – que nunca me disparara antes um olhar tão repreensivo  assim – estavam muito grisalhos. Perguntei-lhe de meu sobrinho primeiro, filho dele, no que ele replicou que estava começando um doutorado em simulação de misturas entre sólidos e líquidos nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo em que fiquei feliz pela notícia de ele ter seguido os passos do pai, uma raio passou cortante pela minha espinha com o choque da informação: como poderia ele estar fazendo doutorado se é uma criança de quatro anos de idade que nem na alfabetização entrou ainda? Peguntei imediatamente qual era o ano em que estávamos e responderam algo entre 18 e 21 anos depois da data que eu supunha ser (ou seja, 2015). Eles não esperaram me recuperar do choque e mecanicamente responderam: “faz muito tempo que você vai dormir e acorda assim, sem lembrar de nada do que se passou”.

Me senti muito mal. Como que num pesadelo – o  que de fato é o que estou narrando, obviamente –.

O que me deixou pior, entretanto, é que aquilo poderia explicar o desagrado em me ver, mas não a raiva, como se eu houvesse feito recentemente algo errado de que não tivesse a mínima idéia. Tinha certeza disso. E tive a certeza que tinha sido algo relacionado ao uso de drogas. Uso este que também tive como certo ter voltado a ser fato recorrente como há não tão pouco tempo atrás (2015). Me senti terrivelmente mal. O olhar deles para mim dizia de forma cristalina: “que inferno! Por que esse cara continua a existir? O pior é que temos que suportar porque é da família. Seria um alívio se ele morresse...”

Abatido com a minha realidade que eu mesmo desconhecia por completo - aliás, conhecia-a muitíssimo pouco -, perguntei da minha irmã. No que secamente respondeu o meu irmão, como se o fizesse pela milésima vez: “morreu”. Na hora me veio uma lembrança e completei “no parto da segunda filha, não foi?”. Ele aquiesceu. Percebi, então, que fatos muito marcantes ainda deixavam rastros na minha memória e uma imagem da primeira filha dela (minha irmã), com cerca de um ano de idade, me veio à lembrança (que ainda não nasceu, mas chega em breve).

Finalmente, a óbvia e insuportável conclusão desabou sobre minha cabeça: a mesma coisa, o mesmo pesadelo em vida se repetiria amanhã e depois, e depois e depois, até me eu morrer. O desespero dessa constatação foi demais. Acordei.

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Lição da semana:




Adicto: em situações/locais em que sinta o leve perigo de recaída, não hesite nem um segundo: FUJA! É – e sempre será – mais forte que você. Não adianta tentar ser auto-cofiante (estúpido). Você vai perder. Cem por cento de certeza.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O CURIOSO CASO DA PAIXÃO NOS TEMPOS DA FICADA



Nota do autor: Aqui só posso contar da minha própria (e única) experiência, depois de mais de sete anos de solidão, vale ressaltar. O último beijo que dei foi um selinho (aliás, quatro – estávamos muito doidos) numa amiga sapatão em Olinda só para poder contar aos netinhos que não vou ter que beijei mulher durante o carnaval na minha vida. :P

-X-X-X-

Aconteceu. Fiquei. Ela me “sequestrou”, fomos até sua casa e, daí, do papo aos “finalmentes”. Nenhum dos dois estava apaixonado, éramos apenas dois amigos que há mais de vinte anos não nos víamos e então ela achou de me “pegar”. Simples assim, ao meu ver. As razões dela? Mal posso especular. Devo supor que as ficadas devam ser em geral assim, sem maiores razões aparentes que um interesse ou um papo mais interessante, sei lá eu. Fato é que poderia ter ficado ali, junto com o amanhecer, quando nos despedimos e fui para casa ainda incrédulo com o que o acaso e ela me proporcionaram e com a minha coragem de encarar minha insegurança sexual, falta de prática e toda a falta de libido proporcionada pelas medicações.

Saí feliz, com gostinho de quero mais, mas sem esperanças de nova ficada. Não estava apaixonado, não a amava desesperadamente. Tivemos um papo massa (muito massa, por sinal), ela teve uma paciência danada, “namorou” comigo até que me percebesse confiante o suficiente para as vias de fato e pronto; não esperava que pudesse haver uma próxima vez, visto que meu desempenho, se causou alguma impressão, foi a de que preciso adquirir condicionamento físico/aeróbico urgentemente se quiser fazer sexo direito.

Bem, mantivemos contato através do odioso What’s App, ela sempre muito lacônica, o que confirmava minha suspeita de que estava de novo entregue metafórica e literalmente às mãos do celibato. Ledo engano. Para meu espanto, um ou dois finais de semana depois, eis que perguntei um “o que estás fazendo?” e ela respondeu que estava em casa sem fazer nada e eu mandei um “posso passar aí?” com o que ela prontamente concordou. Espantado, com um frio na espinha e um calor no peito, dei meia-horinha com a galera que eu estava, mandei um genérico do Viagra pra dentro para garantir (já saí preparado: 2 “Viagra” e três camisinhas [da primeira vez, a camisinha – que ela tinha {afinal, nunca esperei do nada, numa noite com os amigos, transar com alguém na minha vida!} – saiu, o que acabou com a transa... :P]) e, enfim, me mandei pra lá. Mesmo processo da outra vez, talvez um pouquinho melhorado da minha parte: papo massa, namoradas, transa no sofá da sala e dada a minha hora, aliás, a hora dela (que nem chegou a completar 60 minutos, acho que nem 30): casa.

Estranhamente, eu penso nela todos os dias, mas não me sinto apaixonado. Não sinto saudade no sentido “sentido” da palavra. Não sei bem explicar. Acho que deva ser assim nos tempos da ficada. Começa-se pelo fim, como se a primeira fosse a última vez e caso as ficadas forem se repetindo, vai se aproximando do meio, até que o que era começo na minha época, a paixão, chega para um ou para o outro (espero que para ambos) e daí vai acontecendo a sequência normal novamente (na minha época, novamente) até o inevitável fim que pode ser por quaisquer razões, do desquerer de um à morte do outro. Quem sabe? Será que estou certo sobre como as coisas acontecem nos tempos de ficada? O que vocês acham? Estou meio num mato sem cachorro aqui. Perdido que nem cego em tiroteio. Desbravando mares nunca dantes navegados e qualquer outra metáfora que você quiser botar aqui.

Só estou certo de duas coisas: estou louco pela terceira vez e mais louco ainda para estar certo sobre a minha linha de raciocínio! E a possibilidade de uma terceira vez há. Torçam por mim! Que este fim, passe a ser um meio e, enfim o começo de uma nova história de amor dentre tantas outras que a cada dia brotam ou murcham no meio dos sete bilhões de corações que habitam o nosso lindo planetinha azul.


A origem deste post.


-X-X-X-

Esta é uma postagem em que realmente espero receber comentários. Ou melhor, dicas, esclarecimentos, ajuda. Help!



terça-feira, 15 de setembro de 2015

*





Sobre o asterisco do texto anterior: existe diferença entre destino e acaso? Para mim são como dois lados da mesma moeda: são o mesmo objeto; se é cara ou é coroa, depende apenas da maneira como você vê.

Eu, como diria Rodrigo Amarante, sou mais amigo do acaso. Mas faço pouco caso dessa questão. Talvez a minha sina seja ser assim. ;)

Obs.: fato é que acontecimentos estranhos acontecem, segundo a interpretação do nosso cérebro. Geralmente são chamados de coincidências, que podem ser categorizadas como sorte ou azar (é temos várias palavras amigas do destino [ou seria do acaso?]). Nosso cérebro tem essa mania por padrões, o que é ótimo, ajuda bastante na nossa compreensão de mundo e associação de coisas, mas gera lá esses misticismos/“destinismos”. Talvez esteja sendo cético demais, logo eu, que já não duvido mais de nada, desde que vi aquela maldita foto do vestido que muda de cor! Juro, aquela coisa mudou toda a minha percepção de mundo! Fiquei sem chão. Não posso confiar nem mais no que vejo. Foi um soco no meu estômago sensorial e metafísico. Nunca me recuperarei... ou, melhor dizendo, nunca mais serei o mesmo. Para o bem ou para o mal. Acaso ou destino eu ter visto aquilo? Inevitabilidade, eu diria, dentro do contexto do vestido, devido ao meio em que estava inserido e à propagação da imagem por todos os meios de comunicação imagináveis. Foi incrível, não só o meu choque com a minha visão, mas com a futilidade desses tempos. Por um dia, esqueceram-se a fome, as guerras, a economia, a geopolítica e o principal assunto do mundo foi um vestido. Um reles (uso esta palavra, porém para mim...) vestido preto e azul. QUE EU SÓ VEJO BRANCO E DOURADO, PORRA!!!!



RETICÊNCIAS OU GOTAS D'ÁGUA?


Eu estaria dentro da folha. :)

Que queria ser uma molécula de água inteligente/consciente. Saber como é me transformar em gelo vapor, líquido... Cair na velocidade de uma pedra de granizo, flutuar como uma cúmulus nimbus, evaporar no meio de um oásis... Ser parte de cada plantas, cada fruto, fazer germinar a semente... estar nos órgãos de todos os seres que já passaram pela Terra: estar nos músculos da perna de um guepardo enquanto ele corre atrás de uma presa; nas antenas de uma formiga percebendo odores que desconheço, de uma forma que não entendo; numa célula luminescente de um peixe abissal; nas asas de uma águia...  Conhecer das profundezas dos oceanos às alturas das mais altas nuvens. E além. Ser mais antigo que a própria Terra e ter caído aqui por acaso*.

Gostaria de estar dentro dos beijos mais apaixonados, das transas mais loucas, das lágrimas mais tristes, das mais cheias de fúria, de ciúmes, de alegria e também das mais belas; dentro da barriga da mulher grávida, correndo rápido no sangue de seu futuro bebê; dentro do óvulo ou do espermatozoide que ganhou a corrida da evolução; no cérebro do gênio em seu momento de “Eureka!”... São tantas as possibilidades, tantos os lugares, tantas eras, tantas sensações...



Eu queria ser uma partícula de água consciente. Certamente, teria muita (H)história para contar...