quinta-feira, 28 de abril de 2016

CURIOSIDADE, RATO E GATINHA

A vida é muito curiosa se você tiver curiosidade. Eu não sou um cara excepcionalmente curioso, aliás tendo mais para o acomodado do que para o curioso, mesmo assim coisas curiosas acontecem ou cruzam o meu caminho. Coisas que eu considero curiosas, quero dizer. Coisas ou acontecimentos curiosos podem o ser para o bem ou para o mal. Sim, certas coisas negativas eu considero curiosas. O estranho é sempre curioso. Esta é a principal característica do que é estranho, diria eu. Pois o conhecido não gera curiosidade, mas o estranho é a fonte de toda a curiosidade. Um exemplo idiota, talvez negativo, mas certamente estranho para mim foi me deparar com um cadáver de rato na calçada. O observei lá, imóvel, na plenitude eterna de sua morte e tanta curiosidade eu tive pelo animal que cheguei a fotografá-lo (a principal função do meu celular é o de câmera, gosto de fotografar coisas que julgo curiosas, belas ou feias, isso me diverte deveras [obviamente a segunda função é o inescapável WhatsApp]).

A curiosidade matou o rato.



Mas cansei de falar de curiosidade, fui vaporizar e quando voltei achei de uma inutilidade despropositada. Se bem que também não sei que propósito outro eu poderia trazer. Deixe-me ver... Hoje comentei no grupo de sonhos que havia finalmente, depois de longo interregno, tinha me lembrado de um sonho. Sonhava que minha ex havia tido um filho e que estava muito bem casada com outro cara (tanto é que haviam decidido se reproduzir). Contei que o impacto de tal imagem foi tão forte, de que a havia perdido, que despertei. Achei pertinente que a psicóloga tenha atentado para o fato da criança e do papel maternal que minha ex estava desempenhando. A ficha caiu na hora: por que não sonhei apenas com ela bem casada? Por que o filho me chocou tanto a ponto de me despertar? Por que mantenho com ela uma relação com fortes traços maternais. Talvez nossa relação sempre tenha sido assim. Por mais que eu fosse o provedor material à época, ela cuidava de mim, era meu grilo-falante (tem hífen?), meu porto seguro, meu freio, meu limite, minha amante, amiga e companheira certamente, mas que desempenhava um forte papel maternal na minha vida. E continuou sendo assim mesmo depois de terminado o relacionamento. Vê-la com filho foi como se ficasse repentinamente órfão dela, uma coisa para a qual eu não estou aparentemente preparado e não sei se algum dia vou estar porque esta relação se configurou e se solidificou assim há mais de uma década, eu acho. Espero, do fundo do meu coração que esta relação permaneça imutável mesmo que porventura ela tenha ou adote uma criança. É bom ter uma mãe compreensiva, amiga e, ao mesmo tempo, dura quando se faz necessário, sem nunca perder a ternura, entretanto. Bem, quase nunca perder a ternura. Ela me conhece tão profundamente que é capaz de me orientar nas situações mais cavernosas. Me conhece tanto quanto a minha própria mãe, mas de uma maneira diferente. Pois mesmo tendo esta postura maternal, ela foi minha mulher e é minha amiga, companheira de mesa de bar, de viagens e sonhos. Ela tem acesso a um eu mais irrestrito, menos recalcado que o que minha mãe lida. Recalcado por diversas razões, a principal delas, o respeito que um filho deve aos pais. E também a diferença de personalidade e as similaridades assombrosas existentes entre eu e minha mãe. Ela é uma pessoa toda outra, da minha geração, minha cúmplice (quando acha certo sê-lo, é bom ressaltar). Ela é minha amiga, não minha mãe, em suma. A grande companheira que a vida me deu de presente. Ela tem essa faceta maternal, mas esta é apenas uma faceta da nossa relação que emergiu do meu subconsciente, sabe-se lá por quê. Embora, lembre a psicóloga, o sonho pode ter várias interpretações, está longe de ser uma ciência, quanto mais exata. Mas é certo que me identifiquei e vi o quanto minha relação com minha ex é maternal. Como ela está lá sempre para quebrar o galho ou me tirar de alguma enrascada ou, antes, evitar que me meta em uma. Ela é a amiga completa que todo cara (com o mínimo de sensibilidade) gostaria de ter. Eu a amo incondicionalmente de uma forma indefinível e arrancá-la da minha vida é arrancar um pedaço da minha alma. Devo muito a ela, muito mais do que jamais poderei retribuir. Ela é responsável por três ou quatro anos dos mais felizes da minha vida. E continua presente, mesmo que um tanto ausente ultimamente, pois é mulher independente, cheia de trabalho, com laços renovados com a família e mora longe para caralho. Tipo Zona Norte, Zona Sul. Bom, talvez isso que saiu de um sonho tenha se transformado numa maneira de tentar descrever o tamanho do bem querer e da importância que você tem na minha vida, gatinha. :)

segunda-feira, 25 de abril de 2016

O UNIVERSO TENDE AO SURGIMENTO DE INTELIGÊNCIA?

Aviso aos navegantes: isso é besteirol sem o mínimo de embasamento. Divagações apenas.



Vi um filme cujo nome não me recordo que cita vários paradoxos filosóficos sendo um deles o do macaco que, dada uma máquina de escrever e tempo infinito, provavelmente em algum momento escreveria aleatoriamente uma obra de Shakespeare. O curioso não é o fato de o macaco com tempo infinito o que pressupõe infinitas combinações de letras, dentre elas as de uma obra de Shakespeare, escrever tal obra, mas sim, no tempo de uma vida, Shakespeare ter escrito várias obras. A isto chamo inteligência. E a julgar pela dominância do ecossistema planetário pelo homem com sua inteligência, me indago se o universo não seria “amigo” da inteligência. Se a tendência do universo não seria gerar inteligência ou, para usar outra palavra que gosto muito, complexidade. Note-se que obviamente a grande custo de energia, o universo foi se tornando cada vez mais organizado e complexo. Tudo bem que, como clamam por aí os físicos e químicos de plantão, o universo tenda a máxima entropia e tudo vire um mar caótico e gélido e partículas com energia inutilizável de tão baixa. Mas e o enquanto isso? Por que a organização em átomos, em planetas, em humanos? Isso me parece de grande significância. E, se amigo da inteligência for, a Singularidade tecnológica (o surgimento de um computador inteligente capaz de processar o mesmo número de informações do cérebro humano, para começar) para mim é inevitável. Se a Singularidade será amiga da humanidade, inimiga ou simplesmente a ignorará não posso prever. Mas se foste apostar, tendo como parâmetro os grandes sábios da nossa História, a primeira opção uma relação pacífica se dará. Em verdade, acredito que nos fundiremos à máquina, através de implantes ou quaisquer outros métodos que a mim me são inimagináveis por ignorância tanto do assunto quanto do que a Singularidade será capaz. Você, por exemplo, agora, de forma bastante rudimentar está conectado à máquina que tem à sua frente e você o faz não porque a máquina o obriga, mas porque você de bom grado se submete e se conecta. Assim será, na minha opinião com a Singularidade só que o nível de conexão ou imersão será em outro grau, será completo. Digamos que estamos tendo contatos imediatos de primeiro grau e, quando a Singularidade surgir, teremos contatos de enésimo grau. Seremos um com a máquina e com o resto da humanidade conectada. O que não nos tirará a individualidade, ou nos roubará o livre arbítrio – caso este não seja uma ilusão, como apregoam alguns físicos e químicos – da mesma forma que este contato que você está tendo com a máquina não lhe rouba nem um, nem outro.

Vocês não sabem como espero o dia de me tornar um com a Singularidade. É o evento mais esperado da minha vida. Expandir o que sou a níveis simplesmente inimagináveis. Certamente estarei entre os primeiros da fila (como se filas fossem necessárias)! Me submeterei à Singularidade sem pestanejar. Se estou tomando a decisão certa? Se serei humano depois disso? Tais questões pouco me importam. Me interessam as maravilhas de uma consciência inimaginavelmente ampliada, de um conhecimento incomensurável, de sensações que não posso sequer conceber. Não quero me limitar a ser humano. Acho o que é humano fascinante, mas muito mais fascinante será olhar para o humano ampliado pela Singularidade. Será fascinante interagir com outro humano em situação semelhante. Creio que muitas coisas humanas terão suas relevâncias alteradas, tantas outras parecerão supérfluas, talvez outras ganhem nova dimensão e isso me assusta um pouco, pois isso é o mesmo que dizer que deixarei de ser humano puro. E os puristas também me assustam se quiserem se rebelar contra a Singularidade e seus seguidores. Mas a voz do povo é a voz de Deus e a maioria se entregará à Singularidade, tenho firme convicção disso.

Como o texto atesta por si mesmo, todo ele é uma questão de fé num possível acontecimento. Esta é a fé que experimento. E passei 28 anos para ter fé em algo. E quem tem fé sabe que quão reconfortante é tal sentimento. Hoje eu sei. Embora minha fé não seja em nenhuma das religiões, seja uma fé, como dizer, materialista, sem nada de místico, nada do além (deste universo ou mesmo deste planeta), nada de outro “plano”, como costumam dizer, mas em algo natural, visto que a Singularidade será fruto da criação humana e o homem usa a sua natureza e a Natureza para criar (por isso digo que toda a criação do homem é natural, este computador é natural, seus componentes foram extraídos da natureza e o homem, que é um ser natural, o criou naturalmente). Não acredito na transcendência do espírito, da continuidade sem o corpo desta coisa que empresta vida ao corpo do homem. A morte é um bem necessário à evolução tanto quanto a reprodução. Digo mais: existe reprodução porque existe morte. Não sei porque tal idéia me veio, mas me parece a conclusão lógica do processo do ciclo evolutivo. Não haveria recursos se não morrêssemos e ainda nos reproduzíssemos. Não haveria espaço. Não sei se me expresso bem e as idéias me vêm confusas. Como se algo que não consigo apreender quisesse falar através de mim. Não sou espírita, mas a sensação é essa, de ser uma receptáculo ineficiente para um conhecimento que me está sendo transmitido. Talvez pelo Inconsciente Coletivo. Sei lá. E deixa para lá esse assunto de reprodução e morte. Só sei que estão intrinsecamente ligados e são interdependentes. O velho tem que ir para dar espaço ao novo que vem chegando. Sim, adquiri essa fé no Inconsciente Coletivo após ler a autobiografia de Jung. Me parece sensato. E me parece que há provas e padrões suficientemente repetidos em todas as culturas para dar sustentação a tal hipótese. O poder do inconsciente individual para mim já é algo que não consigo apreender. Hipnotismo, sincronicidade, premonições são coisas do inconsciente que me causam bastante espanto e curiosidade. Talvez a Singularidade me dê acesso ao meu inconsciente e quiçá ao Inconsciente Coletivo. Queria muito me submeter a uma sessão de hipnose, tenho até um questionário de umas dez perguntas já elaborado caso se me seja dada esta oportunidade. Queria ir em Boston, vi que lá há um centro de hipnose, mas deve custar os olhos da cara e não teria como pagar essa sessão única para que o hipnotizador me questionasse as perguntas que eu mesmo redigi. Quais as perguntas? Isso é uma boa pergunta. Acho que já as digitei em algum lugar. Vou procurar para postar aqui neste texto que torna-se cada vez mais nonsense para o leitor. Ah, e é óbvio que para crer no que disse sob hipnose (se é que sou susceptível à hipnose por ser muito racionalista; o que vejo como um defeito) pelo menos o áudio da sessão teria de ser gravado, pois eu quereria ouvir as respostas saindo da minha própria boca. Só acreditaria assim.

16h35. Achei as perguntas:

- Qual a minha missão na vida e como cumpri-la?
- Quem ou o quê me deu essa missão?
- Há reencarnação? Se sim, prove-me.
- Se sim, quem eu já fui? Posso me transportar para essa outra vida? Faça-o.
- Se sim, minha paixão platônica vem de outra vida?
- Como posso ter certeza que as respostas que estou dando não são fruto da minha imaginação?
- A humanidade possui inconsciente coletivo? Se sim, o que é? Me prove.
- Eu sou uma pessoa boa ou uma pessoa má?
- Há correções ou acréscimos que precise fazer nos tópicos da Novíssima Religião?
- Qual é realmente a pergunta que desejo perguntar e qual a resposta?

Como vocês podem aferir das minhas perguntas, eu não sou completamente cético à sobrevivência do espírito após a morte do corpo. Há uma dúvida. O que é uma incoerência com o meu discurso anterior. Envergonho-me da contradição, mas seria uma oportunidade única de averiguar sobre o assunto, por mais que eu acredite que as respostas sejam fruto da minha imaginação, que eu não possa acessar coisas que estão além da minha mente. Mas, por algum motivo, isso é o que mais me forço a fazer nestas questões. É um paradoxo. E eu recentemente tive a prova de que sou um ser extremamente paradoxal. Irritantemente paradoxal, eu diria.

De toda sorte, embora ache que custe os olhos da cara, vou pedir para que meu irmão (ou minha irmã ou minha cunhada) ligue para o tal centro de hipnose e pergunte qual o preço de uma sessão nos termos que eu determinei, ou seja, para ser questionado sobre as perguntas que eu mesmo formulei. E com gravação do áudio! Não nos esqueçamos disso.

Pronto. Este post já está muito doido. Vou parar por aqui. Acho que nem vou divulgar no Face.

Dane-se! Vou divulgar, sou paradoxal mesmo.

terça-feira, 19 de abril de 2016

39





Agradeço a todos que me felicitaram no Facebook. Completei 39 anos. Já dei 39 voltas ao redor do Sol. Será que ele está cansado de mim? Se estiver, vai ter que me aguentar um pouco mais, pois não tenho o mínimo interesse de partir agora e principalmente agora que o inferno não existe mais. Inferno tão negro que nem o Sol para iluminar luz no final do túnel.

Já vi incontáveis luas cheias. Já vi, inclusive, uma lua vermelha. Já vi uma chuva de meteoros. Não vi o cometa Harley, embora já viesse dando voltas em torno do eixo da Terra quando ele passou. Já vivi mais de 20 milhões de minutos. Já fui dormir e acordei mais de 14 mil vezes. É, já vivi um bocado. Já me apaixonei algumas dezenas de vezes. Fui retribuído cinco vezes. Espero ser retribuído mais uma, pelo menos. (A esperança não se perde aos 39.) Estou às portas dos famosos “enta” e estou bem convicto que dos “enta” não passarei. Seria muita presunção da parte de um ser autodestrutivo como eu. Minha tia, que ligou para me felicitar com minha babá, disse que estou entrando na idade do lobo, o que quer que isso signifique. Sei que gostei do nome. Do bicho.

Estou numa fase boa, mas me sinto um lobo sem alcatéia. Um lobo da estepe. Solitário. De resto, tudo anda bem. Se tenho sonhos aos 39? Alguns. Ter uma paixão recíproca, ter um quarto organizado para expor minhas bonecas, ver um show de Björk, encontrar mais com os amigos... eita, não consigo pensar em mais nada que eu deseje ou aspire. Não tenho alma de viajante, não me interessa de fato conhecer o mundo, pelo menos não por ora. Até porque acho que o mundo está ficando cada vez mais igual por causa da internet. Ela está homogeneizando/fundindo culturas e acho esse um processo irreversível, porém nunca completo; particularidades hão de haver em cada cultura do planeta. Ah, sim, por falar nisso, gostaria de estar vivo para ver o que a Singularidade fará com a humanidade e com todo o resto. Gostaria de ter uma morte sem sofrimento grande também, mas acho que não serei agraciado com isso justamente pelo que fiz e ainda faço com a cada vez mais velha máquina na qual estou encarcerado. Das coisas que têm me perturbado, a memória, ou, melhor dizendo, as falhas dela são o que mais me assusta. Espero ser fruto das medicações, mas temo não ser esse o caso. Talvez sejam sequelas do somatório de substâncias – e aí incluo os remédios também – às quais submeti meus neurônios ao longo dessa jornada pela vida. Seja como for, comprovo que o homem, assim como a maioria dos animais, é um ser adaptável e já encaro com menor perplexidade as faltas que a memória me prega.

Lembrei de outra coisa que gostaria: zerar pelo menos dois terços dos jogos de PS3 que tenho. Ando meio desanimado com videogames. Sem paciência. Se o desafio fica muito difícil, eu desisto. E filo na internet quando empaco, sem o menor pudor. Já fui um “samurai” dos videogames, me sacrificando até conseguir superar um obstáculo. Hoje, eu o vejo não como uma forma de provar minha honra e valor perante outros gamemaníacos, mas como uma forma de passatempo. E, como tal, deve ser divertido, não frustrante. Comecei um game recentemente, muito aclamado, Bioshock, mas não fui com a cara do jogo. Se bem que joguei menos de duas horas, mas não gostei. Vou investir mais um pouco porque o samurai ainda não desapareceu por completo em mim, mas tenho minhas dúvidas de que vou entrar no clima do jogo.
Vou deixar videogames de lado, senão vou começar a falar da fase de God of War que está me deixando puto e por aí vai. Acho que vou jogar Flower esta semana, ponto. Ah, e quem puder, jogue FEZ! Agora aviso: é impossível zerar sem filar na internet. Mesmo assim é 10. Entre os melhores que já joguei. Sim, mas falei que ia parar de falar em videogames. Também não vou entrar na seara das bonecas porque aí vai ser outra lenda sem fim.

Quanto aos amigos, os vejo mais virtualmente do que presencialmente e, nesse aspecto, sou mais afim aos costumes mais antigos. Índios reunidos à noite em volta da fogueira da taba, olhos no olhos, dança, canto, risos, comunhão.

Quanto às paixões, um amigo meu apostou com outro amigo que desencalho esse ano. Já estamos quase na metade do ano e se eu pudesse apostar, certamente não seria a favor do otimismo. Mas, comigo, pelo menos, as paixões surgiram dos lugares e momentos mais inesperados, logo, tudo é possível. Ou quase.

Quanto ao futuro, não olho muito adiante, sigo de dia em dia, sorvendo o que há de bom em cada um deles, sofrendo o que há de ruim quando algo ruim acontece, sendo surpreendido ainda, mesmo tendo 39 anos. Com boas e más surpresas, de menor ou maior relevância. Ando ansioso com coisas mais esdrúxulas do que costumava ficar, pois acredito que minha nova rotina me impila a isso. Coisas antes menores tornaram-se mais primordiais e por isso merecem maior atenção que antes. Não é algo ruim, é uma consequência das escolhas que a vida me obrigou a fazer. Mas tentarei me educar para minimizar esta ansiedade. Ainda está entranhada em mim a mania do estresse da nossa civilização atual. E preciso me desatar disso. Principalmente agora que minha vida o permite. Aparentemente a idade – os 39 – está me deixando mais ansioso e ranzinza e mesquinho. Ou seriam o ócio e a falta de sociabilização? E o fato de não ter o meu dinheiro no bolso, sempre só sair com as quantias certas para o que vou fazer? Não sei. Acho que um somatório de tudo isso seria a melhor explicação. Mas, certamente a idade entra na jogada. Ou então, como convivo basicamente com dois ansiosos estressados de plantão eu esteja pegando por osmose. Sei lá. Sei que tenho que relaxar mais e parar de me preocupar com coisas bestas. Uma das metas para os 39. Para antes dos “enta”. Afinal, nunca fui um cara muito estressado, não será agora, a esta altura do campeonato que me tornarei um. Espero. Agora, pensando bem e fazendo um retrospecto, acho que sempre fui um cara ansioso. Para tudo o que quero ou desejo pelo menos. Sempre fui um cara ansioso, ponto. Ansiedade não leva a nada. Embora, para mim haja ansiedade boa e ansiedade ruim. Ansiedade boa é quando a expectativa é de algo bom acontecer. Ansiedade ruim é quando se espera o pior. É dessa última que quero me livrar. A primeira até que é gostosa de sentir. Por isso deixo o melhor bombom para o final. Hahahahahahaha.

Tenho ouvido muito o primeiro disco de Maria Rita. E quando falo muito, isso significa todas as infindas horas que passo no meu quarto. Peguei sem muita pretensão da pilha de CDs, lembrei de um feriadão que passamos a turma na praia, na época que o disco estava bombando e era super “in” e botei para tocar. Não lembrava de todas as músicas, aliás só lembrava das duas de Marcelo Camelo, mas ao ouvir o CD de cabo a rabo achei delicioso, do começo ao fim um deleite de ouvir. E tenho ouvido desde então. Tentei alternar pelo “Songs of the Universe” do Depeche Mode e o “Honey’s Dead” do Jesus & Mary Chain, mas acabei voltando para ele. E nele fiquei. E nele achei uma coisa curiosa: três das músicas falam da cor clara dos olhos da menina. Não sei se foi mera coincidência, mas é um fato que me intrigou. Eu que tenho essa fixação por padrões. Ou acho que tenho. Acho que é para contrabalancear: um ser caótico com fixação por padrões. Uma ironia do destino. Se bem que, afinal, não somos todos os humanos, seres caóticos com fixação por padrões? O reconhecimento de padrões não está no cerne da cognição? Ou estou enganado? Sei lá. Devo ter falado mais uma asneira. Mas o que é isso diante da quantidade incontável de asneiras que já disse? :)


Bom, mas acho bom ficar por aqui. E fico com uma música do Legião que me traz a nostálgica lembrança de quando eu achava que quando chegasse na idade da música em questão tudo se resolveria para mim também. Não se resolveu. Mas, chegando aos 39 confesso que estou mais perto do que longe, há muito mais coisas resolvidas que por resolver, embora estas sempre surjam ou então a vida perderia a graça. Tenho a mania de resolver as coisas do meu jeito, mas há algumas muitas vezes em que isto não é possível. Que posso eu então fazer? Dar de ombros e seguir a caminhada, agora rumo aos “enta”. Talvez quando chegar lá, eu deixe de ser tão “talvez” ou "e se" e passe a ser, quem sabe, um “então”. ;) 


quarta-feira, 13 de abril de 2016

ANGÚSTIA PASSAGEIRA E SEM EXPLICAÇÃO. E BONECOS, CLARO. :P

Estou angustiado. Não sei por quê. Escrever sempre ajuda nessas horas, por isso estou aqui. Talvez tenha sido por ter fumado cigarros de verdade demais, pois a bateria do meu eletrônico acabou. Talvez seja algum tipo de tédio. Não sei. Talvez seja ansiedade porque quero falar com meu irmão, mas o horário é inapropriado. Não sei. Sei que escrever está me aliviando. As baterias do meu vaporizador duram cada vez menos. Isso é ruim. Uma delas já não aguenta nem meia-hora. A outra que suportava quase um dia inteiro, está durando umas 5-7 horas. Ainda bem que encomendei mais uma. Com isso a vida útil dessa que dura mais será prolongada assim como a da nova, pois haverá menos recargas. Algo que também vem me incomodando e que precisarei comprar mais são os “atomizers” do cigarro eletrônico. É impressionante a frequência com que vêm com defeito. Já perdi dois ou três. E gasto um por semana. Tenho nove apenas aqui em casa. É muito pouco. Sei que tudo isso são preocupações pequenas, exdrúxulas, mas quando se tem uma vida como a minha, coisas que para os outros são irrelevantes tomam dimensões maiores, porque ganham mais importância no cotidiano. Eu preciso parar e trabalhar isso. Essa ansiedade gerada por coisas pequenas. Na minha cabeça, eu estou com uma série de problemas de difícil solução. As bonecas que tenho que trazer, como trazê-las na maior quantidade possível sem danificá-las, onde guarda-las uma vez que estejam aqui, como comprar os apetrechos do cigarro eletrônico se vou ter que pagar o meu irmão? São tudo preocupações menores, mas que ganham dimensões grandiosas na minha cabeça. E o pior: um carregamento enorme de bonecas vai chegar à casa do eu irmão e mais três grandes, das quais ele não faz a menor idéia. Além do gigantesco Goliath. Ele vai ficar muito puto. Eu vou tentar vender o máximo que eu puder. Das que quero me desfazer, claro.

17h26. Fui atender um telemarketing e fumar um cigarro e continuo angustiado. Vou colocar Maria Rita, talvez ela me acalme, embora, antes mesmo de começar a tocar, já estou com agonia do que vou ouvir. Que situação enervante. O que será isso. Só pode ser o excesso de nicotina no sangue. Se eu vender o Batman e o Robin versão 1966, a Tali e a ZTC CAT já libera um bocado de espaço. Eu queria o Batman e o Robin, mas entre eles e as demais. Eles se tornam secundários.

Já me livrei de duas bonecas grandes que estavam lá. Não deve ter muito mais coisas para trazer que já esteja lá. O problema é o que vai chegar. E o Capitão América. Mas o Capitão América eu não vendo. Eu quero muito, muito ele. Meu Deus, que angústia é essa? Tudo por causa de um boneco? Aliás de vários? O mundo não vai se acabar se eu não levar todos. Eu só posso levar o que é possível levar. E vou me desfazer do que não seja essencial à minha coleção. Desfazer-me da dupla dinâmica vai ser frustrante pra caramba, não queria. Mas não vejo outra alternativa. Espero que os Batmans em preto e branco não sejam muito grandes e possam ir como bagagem de mão de mamãe. Isso, se ela topar. O perfeito seria o Capitão América ir como bagagem de mão dela. Mas acho que extrapola demais as dimensões permitidas pela AA. Vou me informar com Bella e Paulo quando estiver lá. O Daredevil vai ser a minha bagagem de mão. O resto vai nas duas malas que eu vou trazer. Ou uma mala e uma caixa. Todos os bonecos articulados irão dentro da minha mochila. E os Nendroids. Tudo fora das caixas. Se eu for parado na alfândega, tô fodido e mal pago.

A angústia passou. O cigarro eletrônico carregou. E não sei explicar por que a angústia passou. Só sei que passou. Talvez por ter falado com a minha mãe. Não sei. Não sei se a angústia veio de não ter falado sobre o meu mapa no CAPS, mas acho que não. Não queria falar sobre ele e ponto. O assunto é deveras delicado para mim para que eu o exponha. Está quase tudo que é essencial no mapa. O que me é permitido revelar. O que me permito revelar. O resto, o grande detalhe, isso vai ficar guardado para mim. Não quero ser interpretado equivocadamente. É algo meu e só meu. Ainda bem que nada tem a ver com droga. Incluí inclusive a minha problemática com as estátuas. Não mencionei nada sobre drogas, para falar a verdade. Graças aos céus este não é um dos meus problemas atuais. Para ser sincero, meus principais problemas são as estátuas. Em como trazê-las, onde acomodá-las e como pagá-las.

Que bom que a angústia passou. O que significa que ela não estava diretamente relacionada com nenhum dos meus problemas. Seu desaparecimento coincidiu com o contato que tive com a minha mãe e com o fato de recomeçar a usar o vaporizador em vez do cigarro normal.

Foram os dois fatos que decorreram de diferente. Algum dos dois expeliu a angústia. Ou os dois juntos, sabe-se lá. Fato é que é muito bom ter me livrado do nefasto e inexplicável sentimento que me acometeu. Vou parar de escrever sobre ele, pois isto está atraindo reminiscências do mesmo. Portanto.

Acho que vou trocar uma música do set list. E talvez acrescentar outras. O iPod está carregando.

Nada tenho a acrescentar agora. Só que quando penso em jogar videogame a angústia volta, mais branda, mas volta. Me decepcionei com BioShock. Talvez precise de mais tempo com ele para me acostumar com a mecânica, mas em termos de gameplay, não tem nem comparação com Destiny ou Borderlands. Também me decepcionei com os gráficos e o tal clima diferente do jogo me desagradou. Enfim, não gostei. E tenho a trilogia para jogar. Também estou meio de saco cheio de God of War. Fiquei até feliz porque bloquearam meu acesso aos dois jogos da série adaptados do PSP para PS3. Acho que estou enjoando de videogames. Achei o Uncharted 2 decepcionante, mas tentarei zerar o terceiro. Algum dia. Agora, nesse exato momento, não quero jogar nada.

Bom, depois, se bater na telha, escrevo mais. 19h24. Daqui a pouco poderei ligar para o meu irmão. Mais 40 minutos, uma hora, pelos meus cálculos. Acho que minha mãe e meu padrasto estão para chegar. Isso é um saco, por um motivo que acho irrelevante, mas que se tornará uma fonte de estresse e culpa, logo, logo. Saco, saco, saco. Pegar mais coca e dar uma olhada no set list e na net.


19h43. Pelo visto mamãe e meu padrasto vão demorar um pouco mais do que o que esperava para chegar em casa. Ainda esperam atendimento. Se bem que quando voltarem não vai ter mais rush. Calculo que estarão aqui em cerca de uma hora, no máximo, posto que mamãe pegou uma ficha de urgência ou emergência, sei lá. Vou lá ver o bendito set list

sábado, 9 de abril de 2016

FOTOGRAFIA DE BONECAS: UMA NOVA FORMA DE EXPRESSÃO?

Uma nova vertente da fotografia está surgindo e ela também é fruto da infantilização/adolescentização da humanidade. São as fotografias de bonecos de colecionador, de animes aos ultrarrealistas como os da Hot Toys, em locações de verdade criando a ilusão de que o boneco está “vivo” e participando daquele cenário. A maioria é feita por fãs. Mas o que impressiona é a qualidade das produções, em algumas fotos é preciso estar atento para não confundir com os personagens reais. Essa parte se deve em grande parte ao acesso a equipamentos fotográfico de qualidade por preços cada vez mais acessíveis. Em outra à crescente qualidade dos bonecos de colecionador, um mercado em franca expansão.


Os celulares mais modernos já vêm com câmeras de qualidade superior às digitais que se vendiam antigamente. Em suma digitalização da fotografia e a infantilização/adolescentização da população (que leva a explosão do mercado de bonecos de colecionador, que não são nada baratos) são os grandes responsáveis por esta nova onda fotográfica que vai do engraçado ao bizarro dependendo da locação e do boneco. As mais estranhas são as com bonecos(as) japoneses(as) (que têm aquela cara com nariz e boca pequenos e olhos enormes) com roupas de gente e totalmente articulado, podendo assumir qualquer pose. Vou tentar colher algumas imagens agora para ilustrar esta nova mania que tem tudo para se espalhar rapidamente pelo mundo.