quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Crítica ao Dia da Consciência Negra e outras coisitas mais


Isso ainda é necessário no Brasil?


17h50. Finalmente sento aqui para as primeiras palavras do dia. Admito que fiquei um pouco enfastiado do blog ontem pela divulgação que fiz através dos canais de web que encontrei. O máximo que recebi foi uma carta de agradecimento da Samsung dizendo que “enviaram o e-mail para o departamento de desenvolvimento de produtos” (como se eu acreditasse). Além disso, um monte de delivery failures da Xerox, alguns por causa de delay, o que, pelo que entendi, significa que eles ainda podem ser recebidos. Fui banido de um dos sites de ficção científica por acharem que era spam e em um dos sites de videogame não publicaram meu post por violação da regras de postagem. No outro blog de videogame, nenhum comentário... No outro também não... Ai, ai, pelo menos não podem negar que eu tentei. Ainda faltam a ideia do vídeo do YouTube e do cordelzinho com os mandamentos. Aí meu repertório midiático acaba. Por sinal minha mãe leu Algo 0003 e não entendeu nada. O que é estranho, pois para mim está claro e conciso. Isso pode ser um problema. Parece claro e conciso para mim, mas não é para o resto das pessoas...

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18h09. Para levantar o meu astral recebi um comentário elogiando o meu blog de um cara que considero superinteligente e que escreve superbem (ele já teve um blog, inclusive, vou até perguntar se ele ainda publica e qual o endereço, pois o perdi). Vou dar um print screen no elogio para vocês verem:



18h21. Poxa, quase não acho, tava tão lá embaixo... mas pronto, esse comentário me fez ganhar o dia, como o de uma amiga minha alguns dias atrás. 18h38. Procurei como pude no Facebook e não achei o elogio dela para postar, mas ele existiu, pode acreditar.

18h47. Queria que meu primo me ligasse para uma saidinha, eita mas parece que amanhã tenho exames a fazer... Ozzy... Fumar.

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19h24. Mommy chegou e fui mostrar o novo Garphic Abstract que fiz, agora para um trabalho dela, além disso fomos ver as horas dos nossos exames amanhã – 14h40 e 15h00 – além de conversar um pouco de potoca, abraçar e beijar ela. Por sinal, ela trouxe Coca (Zero) para mim, estão tenho novo estoque do precioso líquido. Mas não é disso que quero falar, quero gerar alguma polêmica para ver se ganho mais acessos ao blog, então farei uma crítica ao Dia da Consciência Negra. Num país em que Pelé é uma unanimidade e há várias celebridades negras, não vejo muito sentido nesta “celebração”. É como se o negro tivesse entranhado culturalmente que é diferente do branco, quando somos todos a mesma raça. O preconceito aqui no Brasil é social, da classe média e abastada em relação aos fodidos financeiramente. Não é de cor de pele. Se este ainda há, é muito ralo, diluído e tem se diluído mais e mais ao longo dos anos. Pelé é rei há mais tempo do que eu tenho de vida. Imagino que, se há o Dia da Consciência Negra, deveria haver o Dia da Consciência Asiática – e blasfêmia das blasfêmias – o Dia da Consciência Branca. Por que não contemplar todas as “raças”? Por que só os negros são diferentes? Os negros não são diferentes, no Brasil há tantas tonalidades de pele quanto há de pessoas. Alguns se sentem negros, outros, de mesmo tom, se acham morenos e por aí vai. O Dia da Consciência Negra me soa como o Dia dos Coitadinhos, o Dia dos Diferentes, das Anomalias, dos Excluídos. Anomalia e excluídos são os pobres, os miseráveis. Temos um Ministro do STF que é negro. Por que essa eterna lembrança? Não vejo probabilidade nenhuma da volta à escravidão e o povo é tão miscigenado que não temos cor certa. Talvez em outros países com EUA e África do Sul, faça algum sentido esta lembrança, um dia que faça os negros se orgulharem da cor da sua pele. Aqui no Brasil, não. Do índio, ao negro, ao chinês, ao árabe, ao branco, somos todos humanos, caralho. Deveria haver o Dia da Humanidade. Nada de cores, elas não fazem a mínima diferença. Isso me faz lembrar uma letra d’O Rappa que diz algo assim: branco, se você soubesse o valor que um negro tem, tu tomava um banho de piche e virava negro também. Eu queria ver se uma banda fizesse uma música que dissesse: preto, se você soubesse o valor que o branco tem, tu tomava um banho de cal e virava branco também. Pense.

(P.S.: é claro que eu sou branco e burguês)

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Polêmicas já criadas e postas de lado, voltemos ao meu mundinho. Primeiro, eu vou fazer um novo set list de canções. 20h01. Fiz, botei muitas que boto nas outras (Little Joy, Los Hermanos, Radiohead, Audioslave), mas não botei nem Björk, nem Cure!! Agora rolando Infinito Particular, de Marisa Monte. Nada mais apropriado. Fumar.

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20h35. Demorei porque, além de fumar 3 cigarros, tive de trocar o botijão de água, debater com a minha mãe o horário das refeições (o meu difere do restante da casa) e abrir uma goiabada. Aqui no meu infinito particular não estão rolando muitas ideias, não. Acho que vou acabar o post por aqui e aproveitar e postar um dos últimos do 50 Dias de Ócio em 50 páginas. Se tiver mais caraminhola para escrever, começo um novo post.

9 comentários:

  1. Poxa, Mário... Morri de pena desse post. Ignorar que no Brasil o preconceito de cor ainda é muuuuito arraigado na nossa sociedade e uma das questões mais sérias que a gente carrega é ignorar uma luta co-ti-di-a-na de negros e negras que sabem que não têm as mesas oportunidades que os brancos.

    Talvez o grande perigo desse preconceito esteja nele ser "camuflado", sínico. Realmente, como tu disse, você é branco. E falar de algo que a gente não sente é complicado.

    Só pra pensar...

    A História dos afrodescendentes - que foram protagonistas na construção da nossa sociedade - ainda não tem o MENOR valor na formação escolar de nossas crianças.

    Em qualquer arquivo público que você entrar, terá uma dificuldade imensa de encontrar registros a respeito de figuras negras. Nem mesmo a respeito de personagem importantíssimos como Zumbi e Malunguinho. O máximo que você vai encontrar são registros policiais que os tratam como marginais.

    Zumbi e Malunguinho são considerados grandes líderes de nossa história. Símbolos da resistência e luta contra a escravidão, lutaram pela liberdade de culto, religião e prática da cultura africana no Brasil Colonial. Mas se você pegar qualquer livro de História, eles se quer entram na cronologia. Quem você conhece como grandes militantes contra a escravidão. Joaquim Nabuco e a Princesa Izabel? Porque? Qual são as cores deles?

    As religiões de descendência afro ainda são um tabu enorme para quem não as conhece. Um "Vixe Maria!" acompanhado de um sinal da cruz cada vez que alguém menciona o nome CANDONBLÉ, XANGÔ ou JUREMA. Todos os dias os jornais trazem essas religiões homonenizadas sob o termo "magia negra". E na real? São religiões que falam de amor, paz e natureza.

    Tia Nastácia era quem cozinhava, mas o livro leva o nome de Dona Benta.

    Enfim. O dia da Consciência Negra serve pra todos nós pensarmos nisso. É um dia reservado pra todo mundo se dar o trabalho de ouvir um pouquinho essas queixas e entender essas carências.

    Se todo mundo ainda se surpreende quando vê um ministro do superior tribunal federal ou um presidente negros, é porque ainda temos uma dívida história com essas pessoas. O Dia da Consciência Negra, as cotas raciais e instituições públicas como a Fundação Palmares são extremamente necessárias para a gente consertar esses equívocos e poder tornar o Brasil um país com chances iguais a todos. Infelizmente, hoje essas oportunidades não são nem mesmo parecidas para todos.

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  2. Veja se esse vídeo te toca:

    http://www.youtube.com/watch?v=PKqSPf-hKR4

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  3. Desculpa continuar, mas quantas pessoas negras você não conhece que tentam apagar seus traços raciais fazendo chapinha no cabelo e descolorinho os pêlos do corpo? Não assumir seus traços é algo que a ditadura da estética branca impõe.

    Quanto mais parecido com o branco, mais bonito. Se tiver olho azul então! É a glória.

    E propaganda dos produtos jonhson's com bebês negros? Super comum, né?

    Desculpa, mas moramos num país preconceituoso e com práticas extremamente danosas para a saúde social de todos nós.

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    1. É urgente a afirmação da identidade negra por nós brancos e por eles mesmos. Você sabe que trabalho pro Estado hoje e viajei muuuuito esses últimos anos.

      É imprescionante - mesmo! - como existe uma inclinação silenciosa para camuflar essa identidade. Mesmo dentro dos quilombos! A negação da prática religiosa, da história, da cultura, da estética...

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    2. Você me fez ver o outro lado da questão e considero que você tem razão. O erro, a distorção de visão, a ignorância são meus. Obrigado pelos toques, amiga. Espero que esteja tudo bem contigo. Não rola mais almoço na Vila Edna, não, é? Nunca mais me chamaram...:(

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. Almoços na Vila Edna acontecem SEMPRE. Todos os domingos, invariavelmente. Ninguém precisa de convite. MUITO MENOS VOCÊ.

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  4. Olá!Sem querer cheguei até aqui, mas confesso que gostei. Sou negra e não concordo necessariamente com dia da consciência negra, assim também como não concordo com o motivo que escreveu o comentário. Não vejo necessidade de se fazer feriado ou ainda de se ter um dia que sirva para conscientização do que já deveria ser essência social, e mais ainda, humana.

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